sábado, 29 de março de 2008

Beijing 2008 - Tolera-se Tudo?



Pierre de Frédy nascido em Paris, em 1863 conhecido como Barão de Pierre Coubertin, ficou conhecido como o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna.
A Bandeira olímpica têm cinco anéis entrelaçados no fundo branco da paz, cada um de uma cor diferente, representando os continentes: azul (Europa), amarelo (Ásia), preto (África), verde (Oceania) e vermelho (América). Esta foi esteada pela primeira vez nos Jogos Panegípcios de Alexandria, no dia 5 de Abril de 1914 e foi usada nos Jogos de Antuérpia-1920. Esta bandeira que está imbuída de um pensamento que visa aproximar os povos pressupondo-os como iguais, e justos, tentando uni-los através do desporto.

Estamos em ano de jogos e assim chegamos a Pequim 2008. Vamos ter um Jogos Olímpicos na China!

Analisemos então a Carta Internacional dos Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos do Homem *

Preâmbulo

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;”
… e assim por diante.

Retrocedendo um pouco no tempo temos que, após a 2ª Guerra Mundial três países não foram convidados a participar nos Jogos Olímpicos de Londres de 1948. A Alemanha, principal responsável pelo o Holocausto responsável pela morte de 60 milhões, o Japão e a Itália, ou seja, os países derrotados da 2ª Guerra Mundial.
Verificamos então que os povos que de alguma forma não respeitaram o Direito Individual de cada um, adjacente à sua essência como Homem, foram afastados ou outros não participaram como sinal de protesto por esta violação (65 nações ocidentais não participaram nos Jogos Olímpicos de Moscovo devido à invasão russa do Afeganistão)

Assim pergunto:

“À luz do que atrás foi escrito como chegamos a Beijing 2008?”

Estamos perante uma subversão do espírito olímpico dos Jogos!
Ao aceitarmos que os Jogos se venham a realizar na China em Pequim, é pactuar contra tudo em que acreditamos.
Como se podem os jogos se realizar num país que não respeita os Direitos do Homem?
Como se podem realizar num país que pratica a repressão sobre o seu povo?

Num país em que o Presidente Hu Jintao chegou a impor a Lei Marcial no Tibete?
Ironia do destino, e, em muito devido à realização dos Jogos, a 11 de Março de 2008 os Estados Unidos retiraram convenientemente a China da lista negra dos maiores violadores dos Direitos Humanos.
Parafraseando o nosso antigo Presidente Mário Soares “ a Verdade não pode ser escamoteada, nem escondida. É impossível no Século XXI.”
Todos os países ao irem a Pequim, vão mostrar que tudo é admitido, que tudo é aceitável, e que as mortes das pessoas inocentes que todos dias acontecem pela China adentro, no Tibete são justificáveis.
Muito se fala disto, mas pouco se faz. Têm que se mostrar claramente á China que estes actos não são toleráveis, e que não se coadunam no mundo de hoje, nem com a humanidade.
Na minha perspectiva, considero que o boicote, é o passo seguinte e que têm de ser à escala global para claramente ficar definido que o que se passa na China e no Tibete não passa despercebido e não pode acontecer. (Mas também compreendo que os atletas queiram ir e participar.)
Contudo, isto não é o que preocupa mais, pois à muito que se sabe do que se passa na China e pouco se têm feito (à quanto tempo o Dalai Lama está exilado?), mas sim pelo facto, de que por agora, está-se finalmente a dar atenção devida somente pelo facto da China estar debaixo holofotes da media devido à realização dos Jogos.
Mas depois do jogos como será?
Fechamos os olhos outra vez ( devido a interesse economicistas)?
Qual o preço?