Eu já o disse aqui, e já o disse várias vezes a pessoas que estão na minha vida, que reconheço a importância de ser ajudado. Reconheço-o abertamente e sem pudor, porque já o fui. Agradeço eternamente a essas pessoas. O T…, o H…, a M…, a C…, o G…. a L…, o C…, e claro que a minha família! Sem eles nunca teria ultrapassado a doença. E agradeço-lhes, sabendo eles que a minha amizade por eles é real, mesmo não estando sempre com eles. Eles sabem que não foram um meio para mim. Não foram um “comprimido” que tomei. São a todos minha família.
E por perceber isto, ao longo do tempo, tenho sempre procurado, retribuir isto pelas pessoas que vão entrando na minha vida. Quer pessoalmente, quer de outras formas igualmente válidas.
Hoje fui fazer voluntariado. Fui com uma amiga e com um amigo dela, ajudar algumas pessoas que vivem muito abaixo do limiar da pobreza, e assim trazer-lhes e suprimir-lhes uma necessidade básica, através de uma simples refeição, ou seja, dar-lhes comida!
E quanto mais estava com estas pessoas, e ao vê-las sorrir, por uma simples refeição, mais percebia uma coisa e mais pensava num tipo de pessoas que anda neste mundo. As pessoas “shopping – ó -compulsivas “, ou seja, as pessoas que compram, compram, compram, sem necessidade, e que compram só por comprar à procura de uma felicidade momentânea, que têm, por breves momentos, mas desaparece, voltando depois à infelicidade que reina na sua vida. Infelizes, mas de armários cheios! São as pessoas a que carinhosamente chamo de “vazias de conteúdo”, ou de “eucaliptos” porque secam tudo à volta, e ardem num instante, porque não têm a seiva que alimenta a vida, vivendo regidas pelo materialismo.
Contudo, também há pessoas que fazem compras, mas são felizes sem elas. Ou seja, a felicidade manifesta-se nas compras e não as compras na felicidade.
Assim, sem qualquer problema neste momento, abdico de uma t-shirt na Springfield por uma refeição de alguém, uma camisa na Zara por uma fruta de alguém, uns calções de banho na Pull and Bear por outro alguém, uns Ray-ban por outro qualquer alguém.
Abdico de decorar-me por um sorriso de alguém.
Mas falo nisto tudo, porque uma destas pessoas carentes, e última que visitámos (esta encontrava-se na rua a dormir sobre folhas de cartão) ao perguntarmos-lhe se queira mais alguma coisa respondeu:
…quero apenas umas calças…