domingo, 26 de julho de 2009

Growing old...

Num Blog aqui perto,a Nirvana, aflora ainda que de uma forma não muito aprofundada o “envelhecer”.

Ainda recordo-me do dia em que tive noção da minha mortalidade. Foi numa conversa de café, enquanto bebericava umas mines (ou seja, ao fim da noite estava bebado e a saber que ia morrer). Sei que por causa dessa conversa, andei três dias a arrastar-me, tal foi o impacto que teve em mim a noção de meu "parinirvana " (um dia qualquer).

Contudo envelhecer, foi sempre algo que nunca me incomodou, muito pelo contrário, a cada segundo que passa rumo ao meu fim, aprecio-o e desfruto-o ao máximo.
Está a dar-me um gozo enorme, pois para mim, cada momento que passa, é mais uma experiência e um aprendizado.

Este é daqueles assuntos, que é tabu para algumas pessoas e Doença para outras.
Pode ser chamado, de Gerascofobia (medo de envelhecer).

Num sentido mais lato, muitas vezes pode ser associado ao “síndrome de Peter Pan, apesar de nem todos os aspectos deste sindroma serem válidos.
È uma doença em que o “paciente” recusa assumir a sua realidade.

Como se caracterizam as pessoas com Geroscofobia:

São pessoas que valorizam e vivem uma “paranóia” de beleza, e de tudo o mais (num texto abaixo, já faço referência a isto). E claro, em casos extremos, de pessoas de estima reduzida acarreta consequentemente, insegurança pessoal e profissional.
A gerascofobia caracteriza-se por um medo constante, exarcebado e injustificado de envelhecer.
Esta fobia pode provocar falta de ar, tonturas, suores, boca seca, tremores, palpitações, dificuldade em raciocinar ou falar, falta de controle, despersonalização (sensação de estar fora da realidade) ou ataque de pânico.

Há factores associados a esta fobia e que estão relacionados com a história de vida da pessoa: a existência de outras fobias, baixa auto-estima, falta de realização pessoal (trabalho, educação) ou cumprimento de objectivos de vida (um carro, casa, namorar e casar), e outros.
Falamos de pessoas ansiosas ou com personalidade narcísica e que sobrevalorizam os bens materiais.
Além disso, o facto de saberem que vão perder os seus atributos físicos e poder de sedução (física) é fonte de angústia e sofrimento.
Esta patologia não atinge toda as pessoas e está relacionada com o crescimento de cada um (amadurecer).

Como se manifestam as pessoas com esta patologia:

São pessoas que passam horas ao espelho, quando param o carro em qualquer lado, viram-se para o espelho e procuram sinais de rugas, de borbulhas gastam rios de dinheiro em si próprias, para não envelhecerem. Praticam desporto em exagero, não comem,dietas,...
.
No caso das mulheres é “obrigatório” (pensam elas) estarem sempre e parecerem que têm 20 anos. Nem comem quase, mas quase que desmaiam a a abrir um frasco de perfume, (basta pensar que a maior parte dos casos de anemias verifica-se nas mulheres). Muitas vão à praia e passam o santo dia debaixo do chapéu por causa do sol. Outras não compram determinada coisa porque fazem-nas parecer mais velhas.
Os homens passam horas no ginásio, e escondem a sua idade a todo o custo, muitos pintam o cabelo, e muito mais.
(são comportamentos impostos pela sociedade).
Outro padrão comum a estas pessoas é o relacionamento amoroso com pessoas mais jovens em que vivem a paixão através delas e são felizes através dessas, e não através delas próprias (mas quando aparece a rotina, as coisas voltam a ser como eram). Contudo, a capacidade para conquistar alguém significativamente mais novo confere-lhes (pensam elas) a sensação de poder e de valorização. Mesmo que não parem o relógio, os gerascofóbicos assumem estes comportamentos de evitação porque isto permite enganarem-se sobre a sua verdadeira idade e, assim, reduzir os níveis de angústia e ansiedade.


Notas do E…
Alguns dos comportamentos aqui apresentados, assumo que também os tenho (não pinto o cabelo, rsrs), mas tenho-os, não por ter medo de envelhecer, mas sim, porque acredito que envelhecer pode ser feito com muita qualidade.

3 comentários:

Nirvana disse...

Curiosamente, no filme, é a personagem masculina, brilhantemente interpretada por Jack Nicholson, que demonstra essa preocupação e recusa em envelhecer. Manifesta muitas destas características que referes aqui.
Eu não penso muito nisso neste momento.
Quando dizes "Está a dar-me um gozo enorme, pois para mim, cada momento que passa, é mais uma experiência e um aprendizado", para mim estás a definir viver que, ao fim e ao cabo, não é diferente de envelhecer. Se este envelhecer não me preocupa, o outro, o envelhecer a sério e ser velhinha mesmo acho que já não será assim; perder algumas das minhas capacidades ou, e não haverá nada pior, ficar doente, dependente, enfim...não vale a pena pensar nisso. É aproveitar os momentos da vida enquanto podemos.

Todos temos a noção da nossa mortalidade, mas há sempre aqueles momentos em que somos confrontados com ela. "mamã, também vais morrer? Não quero que tu morras e também não quero morrer". Tive de lhe prometer que ainda faltava muito tempo para eu morrer (espero que quem manda nisto tenha ouvido). E nesse dia, quando ele não estava a ver, chorei baba e ranho.

E... disse...

Claro que ouviu!
Mas o problema aqui não é esta inevitabilidade, mas sim como a encaramos. Há coisas que não tÊm remédio, por isso já estão remediadas. O problema a que me refiro, é que isto pode gerar uma situação problemática para nós próprios. E aí, não só envelhecemos como não vivemos, simplesmente sobrevivemos.
Quanto ao filme, que é um excelente, serve perfeitamente de exemplo do que falo. A personagem do Jack que têm medo de envelhecer, e a Diane Keaton que é uma mulher que com a idade foi ficando ainda mais bonita que prova que envelhecer pode ser feito com qualidade.

Nirvana disse...

Há pessoas que se preocupam tanto com o envelhecer que acabam por travar uma batalha que lhes consome toda a energia contra o inevitável. Plásticas atrás de plásticas e no intervalo delas o terror de mais uma ruga. Não tenho nada contra as plásticas, mas tudo que é exagero...
Sinceramente, sinto-me muito melhor agora do que há 10 anos atrás. Não me assusta, mas também não tenho pressa. Não vivo em frente ao espelho, mas vou usando uns cremezitos para acalmar as ditas rugas... de expressão.
:)